quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Exorcismo: mito ou realidade?

(Dom Gabriele Amorth)

“Escolher não acreditar no demônio não te protegerá dele.” O ritual
Nos tempos de hoje é muito comum ouvirmos falar que o diabo não existe que o exorcismo não passa de um mito, serve apenas para enredo de filme de terror, ou que o diabo não possui as pessoas. Mas afinal, o que é o diabo? Ele ainda existe nos dias de hoje? O que é um exorcismo?
O Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “A Escritura e a Tradição da Igreja veem nesse ser um anjo destronado, chamado Satanás ou Diabo. A Igreja ensina que ele tinha sido anteriormente um anjo bom, criado por Deus. Com efeito, o Diabo e outros demônios foram por Deus criado bons em (sua) natureza, mas se tornaram maus por sua própria iniciativa” CIC § 391.
Na Bíblia o Diabo é anunciado por diversas vezes. A primeira delas está no livro do Gênesis:

 “A serpente era o mais astuto de todos os animais dos campos que o Senhor Deus tinha formado. Ela disse a mulher: É verdade que Deus vos proibiu comer do fruto de toda árvore do jardim? A mulher respondeu-lhe: Podemos comer do fruto das árvores do jardim. Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, Deus disse: Vós não comereis dele, nem o tocareis, para que não morrais? Oh, não! Tornou a serpente: vós não morrereis! Mas Deus bem sabe que, no dia em que dele comerdes, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses, conhecedores do bem e do mal.” Gn 3,1-5.

Outra vez que ele aparece é quando tenta Jesus no deserto

“Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.” Mt 4,1.

Também aparece quando Jesus o expulsa de um homem:

Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro.” Mc 5,1-3

No Apocalipse também ele é citado:

“Depois apareceu outro sinal no céu: um grande Dragão vermelho, com sete cabeças e dez chifres, e nas cabeças sete coroas. Varria com sua cauda uma terça parte das estrelas do céu, e as atirou à terra. Esse Dragão deteve-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de que, quando ela desse à luz, lhe devorasse o filho.” Ap 12, 3-4.

Podemos ver então que desde o princípio da Bíblia até o final, o Demônio se faz presente. Isso nos leva a crer, portanto que ele esteve presente antes de Cristo, durante a vinda de Cristo a Terra e também está presente depois de Cristo, até os dias atuais.
Mas hoje, como ele se faz presente no mundo? É sabido por todos nós que hoje, ele age principalmente como fez com Jesus, através das tentações. Vale ressaltar, porém que ele não tem poder infinito. O seu poder é limitado por Deus e nenhuma tentação permitida por Deus é maior do que podemos suportar. Mas essa não é a única forma como Satanás age no mundo. Se Deus permitir, ele também pode agir através das possessões e manifestações demoníacas. Como exemplo temos coisas se mexendo sozinhas, “casas amaldiçoadas”, trabalhos, adivinhações, necromancia (arte de falar com os mortos), entre outros.
A possessão diabólica, porém é o pior dos casos. É quando Satanás ou qualquer outro demônio se apossa do corpo de uma pessoa para fazer suas maldades. A Igreja Católica hoje confirma a existência de possessões, embora ressaltando que é muito raro. Para isso ela designa os padres exorcistas para combater o demônio. O exorcista mais famoso do mundo é o próprio exorcista do Vaticano, Dom Gabriele Amorth, que já escreveu vários livros sobre o assunto. (O último exorcista, Exorcistas e Psiquiatras e Novos relatos de um exorcista, entre outros).
Em seus livros ele nos fala um pouco mais sobre os casos de possessão demoníaca que já enfrentou, como reconhecer uma possessão verdadeira e como enfrenta-la.
Ele nos conta “Hoje, nas nossas igrejas, fala-se pouco sobre Satanás, e muitos, inclusive no clero, não creem na sua existência... Assistir aos exorcismos ou ler sobre eles, principalmente o diálogo entre o exorcista e o demônio, é uma prova irrefutável para se crer na sua existência”.[1].
Para se atestar uma possessão demoníaca e fazer o exorcismo, contudo, é um processo muito sério. O Papa Bento XIV, na Carta Sollicitudini, de 1745, diz que : “essa necessidade se dá quando o exorcista possui uma certeza moral de que o exorcizando esteja realmente atormentado pelo demônio. Essa certeza moral é atingida quando se emprega todos os meios prudenciais para certificar-se de que não se trata de algum fenômeno de ordem puramente natural. O exorcismo solene, tal como está previsto no Ritual de Exorcismos, só pode ser realizado por um sacerdote e com a devida licença do Bispo diocesano, que pode concedê-la, como indica o Código de Direito Canônico, a um presbítero piedoso, douto, prudente e com integridade de vida.
O que daria, porém, essa certeza? Primeiro é necessário que uma junta médica descarte todos os tipos de doenças. Sejam elas físicas, mas principalmente as mentais. Após essa atestação é necessário que os possíveis possuídos apresentem os seguintes sintomas: Conhecimento de coisas ocultas, força sobre humana (condicente com sua característica física, por exemplo, quatro homens tendo que imobilizar uma mulher ou uma criança), falar dialetos e/ou línguas desconhecidas pelo possuído e ter aversão a objetos e símbolos sagrados e apresentar aversão à oração (podem ser com bocejos, sonos profundos, arrotos, tosses). Deve-se ficar atento também a episódios estranhos. Entretanto só se pode atestar que a pessoa está possuída após ficarem atestada TODAS essas características, concomitantemente com a exclusa de doenças físicas e mentais.
Após esse processo de reconhecimento então, o exorcista está apto a praticar o ritual. Na prática desse ritual o padre precisa ter um crucifixo, estola roxa, água benta e o livro “Ritual Romano”. É necessário também que haja uma ou duas pessoas acompanhando, para que segurem o possuído ou amarrem-no em uma cadeira, ou cama. Esses leigos, durante todo o ritual, devem manter-se rezando e jamais devem comunicar-se com o demônio. Para que este saia do corpo do possuído, é necessário que o padre reconheça, através do nome que o demônio revela, qual é o espírito que ali está.
Claro que sozinho, jamais o padre conseguiria expulsar qualquer demônio, por isso durante o ritual ele usa de alguns artifícios como invocar Deus, através da Santíssima Trindade, alguns santos poderosos na luta contra satanás, como é o caso de São Miguel Arcanjo, São Bento e São Padre Pio. Além disso, é de suma importância o auxílio e socorro de nossa Mãe, Nossa Senhora. Ela que venceu o dragão e pisou na cabeça da serpente.
Portanto o demônio ainda se faz presente no meio de nós até hoje e ainda se fará até o dia da vinda gloriosa de Deus a esse mundo. Não devemos ter medo de Satanás e suas ciladas, pois temos a Deus, aos anjos e santos e a Nossa Senhora, para nos proteger.

“A Cruz sagrada seja minha Luz, Não seja o Dragão meu guia, Retira-te Satanás, Nunca me aconselhe coisas vãs, É mal o que tu me ofereces Bebe tu mesmo do teu veneno” [2]

“São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio! Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos; e vós, Príncipe da Milícia Celeste, pelo poder Divino, precipitai ao inferno a satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas.”[3]

Caso você fique curioso para saber mais sobre o assunto, indico-lhe alguns livros e filmes, que são atestados e autorizados pela Igreja Católica:
·         O Exorcismo de Emily Rose, um filme baseado em história real;
·         O ritual;
·         Novos Relatos de Um Exorcista;
·         Um Exorcista conta-nos;
·         Exorcistas e Psiquiatras.

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[1] O último exorcista. Padre Gabriele Amorth. Ecclesiae. 1ª Ed. 2012.
[2] Oração de São Bento.
[3] Oração de São Miguel Arcanjo 

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